sábado, 23 de maio de 2009

O FRAQUEJO DA ASA

Idésio de Oliveira

Queria-me pássaro leve inspirador de beleza ante os olhares alheios.
Desses que dormitam em vôo, degustadores de ventos.

Queria-me nota arranjada em solfejo exercitando o afino.
Estar no estalar das línguas degustadoras de beijos.
Conter os flertes inspiradores de entregas.
Reter o êxtase na hora da servidão do gemido.

Queria-me ar contido pr´um momento derradeiro,
Ser a firmeza do pulso no desfilar do fraquejo;
Tiro certeiro sem o engasgo do percurso.

........Sou copo não lavado toldando o novo líquido.
........Estou no susto dos que provam um adeus em desaviso.

Queria-me forte como celibatário convicto.
Desses que a tentação desiste na carência de vacilos.
Dos que venceram os jamais ante a dureza das provas.

Queria o instante onde a certeza impera.
Estar na espera pacienciosa dos crentes.
Num repente deslocado, desavisado, ver o herói que a nação almeja.

Trago a agitação de um menino ante o beijo primeiro,
O gozo segurado por um bem maior por alcance.

............(Quando me pensava leve foi quando mais voei tenso)

Tateio a retidão dos monges ante o cravar dos espinhos.
Trago a luta ganha (antes que a fera não me pense.)

Há retenção de desejos por entre meus lugarejos esquecidos.

Eu, que desisto dos despropósitos de esperas não mais me prendo a conteúdos vãos.
Que os enganos de outrora apeiem das asas dessa esperança em visita.
Que eu, na entrega da hora, cumpra a promessa bendita.
Que desta fruta azeda não provo nem mais colho.
Não mais os quereres expostos, nem asa fraqueja no mal calcular dos vôos.

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